Ontem escutei um questionamento que me fez pensar...
Eu amo, amo, amo fotografar.
Seria a pessoa mais feliz se soubesse domar minha filhinha (D5100).
E por que não sou então? É só estudar ne. Fotografia e isso: você nasce com o olhar e a tecnica voce adquire com muito estudo.
O olhar ja disseram que eu tenho. Mas e essa tao de tecnica?
Tenho uma super Ferrari na mao (segundo meu teacher), tenho os manuais, livros e revistas sobre o tema. E um mundo inteiro esperando meus cliques.
O que acontece comigo?
Meu mundo perdeu a cor.
Ja faz um tempo que isso vem acontecendo. Nao queria comentar aqui pois esse foi um espaço que criei para falar da nossa luta com o cancer.
Mas... como tudo esta interligado... la vai...
Desde 05 de dezembro estou oficialmente em casa, para cuidar de mim e poder estar ao lado de minha maezinha.
Segundo o medico, tratava-se de um F43.2 Transtornos de adaptação:
Estado de sofrimento e de perturbação
emocional subjetivos, que entravam usualmente o funcionamento e o
desempenho sociais. ocorrendo no curso de um período de adaptação a uma
mudança existencial importante ou a um acontecimento estressante. O
fator de "stress" pode afetar a integridade do ambiente social do
sujeito (luto, experiências de separação) ou seu sistema global de
suporte social e de valor social (imigração, estado de refugiado); ou
ainda representado por uma etapa da vida ou por uma crise do
desenvolvimento (escolarização, nascimento de um filho, derrota em
atingir um objetivo pessoal importante, aposentadoria). A predisposição e
a vulnerabilidade individuais desempenham um papel importante na
ocorrência e na sintomatologia de um transtorno de adaptação; admite-se,
contudo, que o transtorno não teria ocorrido na ausência do fator de
"stress" considerado. As manifestações, variáveis, compreendem: humor
depressivo, ansiedade, inquietude (ou uma combinação dos precedentes),
sentimento de incapacidade de enfrentar, fazer projetos ou a continuar
na situação atual, assim como certa alteração do funcionamento
cotidiano.
Transtornos de conduta podem estar associados, em
particular nos adolescentes. A característica essencial deste transtorno
pode consistir de uma reação depressiva, ou de uma outra perturbação
das emoções e das condutas, de curta ou longa duração.
Choque cultural
Hospitalismo da criança
Reação de luto
A primeira coisa que ele falou: Fique tranquila, voce nao esta em depressao. Apenas atingiu um nivel de estresse e ansiedademuito alto.
Mas sabe quando as coisas so pioram?
Conheci o F32.1 (Episódio depressivo moderado)
Nao importam as definiçoes. Quando ele colocou isso no papel e o perito concordou, doeu demais. Estava confirmado. Durante todo esse tempo eu neguei. Imagina, depressao eu?
Pessoas que me amam e a quem amo muito dizia, vai viver, ser feliz, mas pra mim era normal passar o dia todo trancada aqui no quarto. Sim, no quarto. Nem mesmo da cama saia, por dias (ta, eu ainda tomava banho, rs). E minha casa nem e tao grande...
Eu nao queria enchergar. Desses 2 meses que se passaram, estive com a mae no recanto ate o dia 28 de dezembro. Nesse meio tempo, mantive minha rotina (nataçao, ingles, faculdade, psicoterapia, etc).
Mas quando a mae teve alta, nao sei, o que era pra ser melhor nao aconteceu. E claro que estou muito feliz por ela, mas o NACE era nosso RECANTO. Eu me sentia segura la sabe. Agora ela nao precisa mais de mim. Tem a Ester por perto, o Samuel voltou a morar em casa, e o meu pai, como foi demitido esta passando mais tempo com ela. E eu? Hoje sou apenas a acompanhante que nao falta a uma consulta se quer.
Eu achei um outro refugio.
Minha casa passou a ser parte de mim. Pessoas que moram no mesmo quintal que eu passava dias sem me ver.
Eu sei. Nada disso e certo, mas preciso dizer em voz alta para eu ver se acredito no que estou passando. Os dias tem sido muito dificeis. Quero voltar correndo para o meu trabalho. Mas nao sei se posso. Nao sei nem se continuo sendo util.
Minha vontade e de fazer nada. Tudo que sinto e um vazio. Grande, mas tao grande que parece tomar conta de mim. Sinto culpa em ser feliz, em viver.
Eu tento, juro que tento continuar a vida, mas nada faz sentido. Continuei minhas atividades acima citadas mas como um robo, por obrigacao, por cansar de me dizerem VAI VIVER.
Cara, estou vivendo... por incrivel que pareça eu nao desisti (ainda)... sao muitos os questionamentos em minha mente. Nao faz sentido nada disso.
Preciso encontrar um ponto de equilibrio entre esse fazio e eu. Nao posso deixa-lo dominar meu ser.
Me afastei do blog pois sentia que nao tinha direito de dizer tudo isso. Mas decidi, mesmo que ninguem leia (quem se atrai por textos longos como este?) preciso dizer.
Nada adiantou... nem mesmo um banho de chuva. Acreditava que lava a alma, e lavou... mas depois de minutos tudo voltou.
A palavra que mais tenho usado: MONTANHA-RUSSA. E assim que me sinto.
E tao rapido. Nao posso dizer que um dia estou bem e no outro nao. Meus sentimentos ou pelo menos a demonstracao deles mudam a cada instante. Talvez essa seja a razao por eu me fechar no meu quarto. Nao quero contaminar ninguem com minha tristeza.
Tudo isso, penso eu ser resultado de uma vida fechada, guardando tudo pra si.
Quando essa batalha começou, eu assumi um papel para o qual nao pensei estar preparada. Tomei a frente de tudo, e isso me sobrecarregou.
Passei quase dois anos sem derramar uma lagrima pelo que es estava sentindo. Pensei estar doente, afinal isso nao enormal. E talvez eu ate ja estivesse. Talvez aquela fosse a hora de procurar ajuda... nao quando tudo ruiu...
E ca estou... trancada mais uma vez no meu quarto... esperando minhas horas passar. Vestirei minha fantasia de esta tudo bem e bora pra facul. Nao sei como vai ser meu amanha, alias nao sei nem das proximas horas. Talvez eu de altas risadas escutando os causos das ferias de minhas colegas ... ou talvez eu simplismente desabe... mais uma vez.
Por isso, se me permite lhe dar um conselho, nao se sobrecarregue. Deixe te ajudarem antes que seja tarde. Nao tenha receio de se abrir. Alguem precisa te escutar. E chore, deixe o mundo ver que voce e humano. Doe demais uma lagrima parada nos olhos, um gemido... um grito preso na garganta. Nao se envergonhe.
E se tiveres acesso a um profissional que possa te ajudar, nao se envergonhe. Pscicologo e apenas um amigo (que voce paga pra te escutar), psiquiatra nao sao apenas para os loucos e remedios sao seus parceiros na busca pelo equilibrio.
Falo por mim mesma. Lutei e relutei em procurar um profissional, talvez pelos receios que trago desde a adolescencia. Tomei meus remedios para a ansiedade e quando me questionaram se eu queria estar feliz a base de remedio eu disse que sim, desde que me garantissem dias de paz. Mas deixei que contaminassem minha mente e parei. Tem sido os piores dias desde entao, uma instabilidade desde entao. E assustador nao saber como vai estar se sentindo daqui a alguns minutos.
Ta, nao briguem comigo, vou voltar. So preciso passar com meu medico de novo.
E a psicologa tambem pensei em deixar. Na minha cabeça algo me diz que de nada tem me adiantado. Sera? Com as festas, carnaval etc, ja faz quase um mes que nao a vejo. Ja vi que e pior sem ela. Entao bora voltar tudo pro lugar ne.
E para quem chegou ate aqui no meu texto, obrigada por me escutar...
O assunto da fotografia? Continuo depois... quando encontrar a cor para o mundo novamente...